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Porto: O nosso Se7e de 2018
(27-12-2018)

Foram 12 meses a escrever sobre novos restaurantes, lojas, bares, galerias e lugares que mudaram o Porto em 2018. Eis os eleitos, agora que o ano chega ao fim.

Café A Brasileira


No Porto, foi o ano do regresso dos cafés históricos – o último foi o Monumental (1930), na Avenida dos Aliados. A centenária Brasileira, fechada desde 2013, reabriu em março, conservando a arquitetura, os espelhos, os mármores e a fachada novecentista que a tornaram lugar de eleição da burguesia, de escritores e artistas e de quem ali ia comprar café – foi o primeiro a servi-lo em chávena. Com a novidade, veio um restaurante e um hotel de cinco estrelas, no edifício adquirido pelo empresário António Oliveira, gerido pelo Grupo Pestana. A Brasileira dos novos tempos continua a privilegiar o café, que vem, tal como antes, de uma fazenda de Minas Gerais, no Brasil, e é torrado pela Vernazza Coffee Roasters. Além de se saborear em forma de expresso (€1,30), vendem lotes especiais, em grão ou moído (a partir €10,50). Na sala, com mobiliário redesenhado a partir do original, onde não falta o logótipo do velhote e a frase “O melhor café é o da Brasileira”, as noites de sexta e sábado têm música com DJ, programada por Rui Trintaeum. Só as tertúlias, sobre política ou literatura, não regressaram. R. Sá da Bandeira, 91, Porto > T. 21 041 7160 > seg-qui, dom 8h-24, sex-sáb 8h-1h.


17•56 Museu & Enoteca da Real Companhia Velha


Os 262 anos de atividade da Real Companhia Velha foram celebrados com pompa e circunstância em 2018. No final de agosto, abria o 17•56 Museu & Enoteca, junto ao cais de Vila Nova de Gaia (onde outrora funcionaram os armazéns). São três mil metros quadrados, repartidos por dois pisos, nos quais o mundo do vinho, a gastronomia e a História se interligam. Numa exposição interativa, dá-se a conhecer a empresa de vinhos do Porto, ligada à primeira demarcação do Douro (precisamente, em 1756), e que foi também a primeira região vinícola do País.


Já na enoteca, existem mais de 500 referências de vinhos, nacionais e internacionais, complementados por uma oferta gastronómica diversificada, de parceiros escolhidos a dedo, como a steak house da Reitoria, o peixe e o marisco da Peixaria do Cais ou o Raw Bar by Shiko Tasca Japonesa. Na Fromagerie Portuguesa, desfila uma seleção dos melhores queijos do mundo, organizam--se provas, formações, palestras e jantares. Antes de sair, não deixe de espreitar o terraço panorâmico com vista para o Porto. Alameda da Rua Serpa Pinto, 44, Vila Nova de Gaia > T. 22 244 8500 > ter-sáb 11h-24h, dom 11h-18h > €15 (visita e prova)


Tapisco


Desengane-se quem chega com a expectativa de experimentar uma cozinha de autor. No Tapisco, Henrique Sá Pessoa apostou na junção das tapas espanholas com os petiscos portugueses, respeitando as receitas tradicionais mas acrescentando um ou outro toque de originalidade.


É um restaurante com grandes vidraças viradas para a movimentada Rua Mouzinho da Silveira (mais amplo do que o seu congénere lisboeta) e inspirado nos antigos cafés do Porto, com mesas com tampo de mármore e sofás corridos. Umas ruas mais acima, o chefe de cozinha José Avillez, igualmente distinguido pelo Guia Michelin, reforçou a presença no Porto, com a abertura do Mini Bar. Os apreciadores da boa comida agradecem. R. Mouzinho da Silveira, 165, Porto > T. 22 208 0783 > seg-dom 12h-24h.


Senhora Presidenta


Abriu em meados de setembro e logo veio contribuir para a dinâmica que o bairro do Bonfim tem ganhado nos últimos tempos, com novos cafés e lojas alternativas. A Senhora Presidenta – assim mesmo, no feminino – é uma galeria aberta a várias artes: ilustração, fotografia, design gráfico, pintura. E é, ao mesmo tempo, um atelier que junta já dez artistas, entre os quais os ilustradores e fundadores Dylan Silva, Luís Cepa e Mariana Malhão, além de Célia Esteves, a mentora dos tapetes artesanais GUR, que já tinha escolhido o Bonfim para trabalhar, mas sentia falta da ligação à rua. R. Joaquim Augusto de Aguiar, 65, Porto > ter-sex 14h-19h, sáb 10h-13h, 14h-19h


Chelo Coast House


A ideia parece ter pegado. Uma loja já não é apenas uma loja, mas uma união de várias coisas. A Chelo Coast House abriu em fevereiro, em Matosinhos, pelas mãos de Marie Lenormand e Marcelo Pizarro. A promoção da sustentabilidade tem sido uma das suas preocupações, seja no aluguer e na venda de bicicletas ou pranchas de surf seja na roupa e nos acessórios ecológicos, nomeadamente da marca norte-americana Patagónia.


Na mesa comunitária, desde o pequeno-almoço ao lanche, servem-se refeições saudáveis (aos sábados e domingos, também há brunch). Com uma filosofia semelhante, e destinadas especialmente ao público masculino, abriram, entretanto, a Ton-up Garage, a ocupar uma antiga garagem, e a Garagem Central, numa estação de serviço desativada. Ambas vendem motos, roupa e acessórios, têm cafetaria e bar – a última é ainda oficina, cabeleireiro e estúdio de tatuagem. Chelo Coast House > Av. da República, 128, Matosinhos > T. 92 024 4925 > ter-dom 10h-19h > Ton-Up Garage > R. de Camões, 792, Porto > seg-sex 10h-12h30, 14h30-19h, sáb 10h-13h > Garagem Central > R. da Alegria, 1023, Porto > T. 22 316 9611 > ter-sáb 10h-13h, 14h-19h.


Galeria Nuno Centeno


A mudança da Rua Miguel Bombarda para a Rua da Alegria coincidiu com o crescente reconhecimento internacional de Nuno Centeno, distinguido este ano como um dos melhores galeristas europeus com menos de 40 anos, pela Apollo International Art Magazine. A galeria ocupou os antigos armazéns da Cooperativa dos Pedreiros, com uma ligação muito forte à história da cidade.


A renovação procurou manter ao máximo a arquitetura original, como os carris usados para o transporte das pedras, e é esse caráter industrial que torna, também, o lugar muito atraente. Nas áreas imensas, tanto cabem projetos em grande escala como nichos acarinhados pelo galerista. Entre eles, a Artist Book Gallery, dedicada a livros de artista, objetos únicos para os quais será criado um arquivo online, passível de consulta. R. da Alegria, 598, Porto > T. 93 686 6492 > ter-sex 12h-19h, sáb 14h-19h.


Fava Tonka


É o exemplo de que a comida saudável também pode ser criativa e com muito sabor. Aberto em agosto pelo chefe Nuno Castro e pelo empresário Ricardo Rodrigues, o Fava Tonka quer “quebrar o estigma de que o vegetariano não é para todos”. Os pratos, a maioria feitos com produtos biológicos, mudam consoante a época do ano e de acordo com o que a terra dá. Nesta estação, entraram os cogumelos, saboreados no arroz carolino com míscaros, queijo da Ilha S. Jorge de 24 meses e castanhas, e as feijocas com broa de milho salteada, nabiças e boletos, entre outras novidades. À sobremesa, prove-se o chocolate, beterraba e boleto e o pão de ló com ovos-moles, queijo da Serra e filhós. R. de Santa Catarina, 86, Leça da Palmeira, Matosinhos > T. 91 534 3494 > seg, qua-dom 12h30-15h, 19h30-23h.


FONTE: visao.sapo.pt