O Porto teve em 2018 um dos melhores anos no setor imobiliário. Uma situação que foi visível nos vários segmentos de mercado – desde a habitação, passando pelo comércio, hotelaria, escritórios e industrial –, mas onde se destacou também a aposta forte na componente de investimento. Um dinamismo que leva os profissionais do mercado a considerarem que “o Porto é a cidade do momento", como destaca um estudo recente da JLL.
A dinâmica do setor imobiliário é visível especialmente no centro da Invicta, onde a reabilitação de edifícios, sobretudo destinados à hotelaria, Alojamento Local (AL), mas também para a habitação de luxo, é agora ainda mais significativa.
Esta situação deveu-se sobretudo à procura turística crescente pela cidade do Porto, que permitiu que nos últimos anos tenha sido distinguida com vários prémios, em que se destacou o “Melhor Destino Europeu 2017”, atribuído pelo European Best Destination .
A Avenida dos Aliados, as ruas dos Clérigos/Galerias de Paris, em conjunto com as ruas de Santa Catarina/Bonjardim/Sá da Bandeira, Flores e Mouzinho da Silveira, são, atualmente, as zonas da cidade do Porto onde os preços da habitação e do arrendamento de espaços comerciais mais subiram.
Um facto que permitiu que os preços da habitação na renovada Avenida dos Aliados tenham ultrapassado os da Foz, considerada, até há poucos anos, a zona nobre do Porto para viver.
Uma realidade que mostra como esta avenida se transformou – depois de durante décadas ter sofrido com o abandono e com o desinvestimento –, onde agora se destacam imóveis de habitação de luxo, como o Aliados 107, em que os preços de venda atingiram os 7.000 euros por metro quadrado (m2), dos mais elevados praticados no Porto.
A aquisição de imóveis – por parte de famílias tradicionais – atingiu no Porto e Norte do país grande destaque, permitindo que muitos deles recebam obras de reabilitação e regressem aos poucos ao esplendor de outrora.
O edifício da Brasileira, já reabilitado e onde funciona uma unidade hoteleira do grupo Pestana, ou a Pensão Monumental, completamente restaurado e comprado pela Maison Albar Hotels, são dois dos melhores exemplos desta nova realidade.
Mas este ano ficou ainda marcado por um conjunto de outras operações de investimento de imóveis emblemáticos, concretizadas por famílias tradicionais, como é o caso da David Rosas. Ou, também, a significativa aquisição, por parte de Manuela Medeiros, dona da cadeia de lojas Parfois, do edifício Imperial – localizado na Praça da Liberdade - à família de Américo Amorim, por 12 milhões de euros.
Os fundos e os investidores internacionais estiveram também ativos no mercado do Porto. Basta destacar a aquisição, pelo GCP Hospitality, um grupo de investidores asiáticos com base em Hong-Kong e Tailândia, da sociedade do hotel InterContinental Palácio das Cardosas, por 55 milhões de euros.
O bom momento vivido no imobiliário é, nesta altura, visível um pouco por toda a cidade, contagiando também os concelhos mais próximos, como Gaia e Matosinhos, especialmente.
Uma dinâmica que se alastrou também a outras zonas da cidade, como Paranhos – onde se localiza, atualmente, a maioria das faculdades públicas e privadas –, devido, sobretudo, à grande procura de alojamento para estudantes. Um dos empreendimentos que se destaca é o Acquadalva, constituído no total por 217 frações, cuja construção avança a todo o vapor.
Paranhos foi assim uma das freguesias do Porto onde o licenciamento de construção para habitação disparou no último ano. Mas é sobretudo na construção de empreendimentos destinados a residências universitárias que esta zona se tem evidenciado. É o caso da Milestone, que pertence ao grupo austríaco Value One, que tem em fase de construção avançada um edifício com 220 quartos, individuais e duplos.
No Ameal, perto desta zona, o fundo de investimento saudita MEFIC Capital e a gestora inglesa de ativos imobiliários Round Hill Capital estão a investir 100 milhões de euros num projeto imobiliário que prevê a construção de 1.000 quartos para estudantes, apartamentos, um hotel, comércio e escritórios.
O mercado imobiliário de escritórios foi um dos setores que primeiro refletiu a retoma, impulsionado pelo forte crescimento da procura da cidade por parte de ocupantes internacionais. Este facto permitiu, de acordo com a primeira edição do Marketbeat Porto, elaborado pela Cushman & Wakefield (C&W), que “a oferta de escritórios no Grande Porto totalize 1,45 milhões de m2 e só no primeiro trimestre deste ano a absorção de espaços atingisse os 30.000 m2”.
De acordo com o mesmo estudo, “a oferta futura de escritórios conhecida para o Grande Porto aproxima-se dos 150.000 m2, distribuídos por 10 projetos”.
O projeto do grupo Violas Ferreira, o POP – Porto Office Park, que começou a ser construído em fevereiro na zona da Boavista, com um investimento de 100 milhões de euros, é de todos o mais significativo até ao momento.
Se o ano de 2018 foi um ano bom, a expetativa para 2019 é que continue em alta. São vários os negócios que se encontram em fase de concretização. Recentemente a JLL alertava que as operações de investimento de venda de imóveis na cidade do Porto e zona Norte do país, que estão em fase de análise, ascendem a 600 milhões de euros.
Por outro lado, no Porto e na região Norte, os preços do imobiliário, sobretudo no segmento da habitação, continuam a ter uma margem de subida, que vai permitir que os investidores continuem muito ativos neste mercado.
FONTE: idealista.pt